quarta-feira, 7 de março de 2007

Cidade de Deus - Praça XV

Tenho uma faxineira quinzenal que mora na favela do Rio das Pedras. Aquela que teve um incêndio ano passado. Ela foi uma das que perdeu tudo.

Disse-me que o local do incêndio já está quase todo construído, mas pelos comerciantes da favela. Ela, que perdeu sua casa, passou a pagar aluguel para um outro "empresário" da comunidade.

Disse que além disso paga uma taxa de luz sem nunca ter visto uma conta. Também paga a TV à cabo, pois sem o cabo não há sinal de nenhum canal.

Bom, mas o que realmente está pegando é o transporte. Para chegar em Copacabana existe apenas uma linha, a 750 da Transporte Futuro Ltda e Redentor. O problema é que o horário deste ônibus é das 05:00 às 07:30, saindo de 30 em 30 minutos. O que acontece é que o ônibus sai completamente lotado e os usuários têm de sair muito cedo. Quem não consegue acaba pegando uma van, que custa R$ 4,00, o dobro do preço do ônibus.

Liguei para a empresa e fiz uma reclamação formal do horário, dizendo que ninguém deve ficar condicionado a um horário específico para se locomover. As linhas urbanas devem ser regulares, é assim em quase todas.

Também disse para a Nice, este é o nome dela, que junte mais pessoas e liguem para a empresa, pois se ninguém reclamar eles fingem que não existe nenhum problema.

O revoltante desta história é que o pobre sempre paga mais caro. A prefeitura finge que não há problema porque quem está ganhando com isso é a máfia das vans. E o pobre paga o pato.

O telefone da empresa Transporte Futuro e Viação Redentor para reclamações é: 2445 0004, não consegui acessar o site.

terça-feira, 6 de março de 2007

Os envenenados pela mídia

Ontem assisti no Roda Viva, da TV Cultura, a entrevista com a Governadora do Rio Grande do Sul, Yeda Crusius.

Ela passava a idéia de uma mulher segura e determinada, mas quando começaram a comparar os governos do PSDB e do PT, a coisa desandou. Me pareceu que ela estava nitidamente envenenada com dados viciados. Isso aconteceu quando alguém comparou o crescimento do governo Lula com o do FHC, dizendo que tinha sido igual. Ela, irritada, disse que o governo FHC passou por várias crises "fortíssimas" internacionais, chegou a dizer que a União Soviética caiu durante o governo tucano.

O Rio Grande do Sul é um estado peculiar, teve um governo do PT, depois dois do PMDB e agora é o PSDB que governa. É um estado endividado, com défict alto e sem recursos. E eu que pensava que era um dos mais ricos do Brasil.

Bom, mas onde está a mídia nesta história. A verdade é que o RS tem um grupo muito forte de mídia, a RBS, e que foi totalmente contrário ao governo PT. Com isso foram envenenando a população gaúcha com notícias contrárias e maldosas, mais ou menos como a revista Veja vem fazendo com o governo Lula. Conheço vários gaúchos que têm ódio ao PT. Não sei muito bem se o governo lá foi tão ruim assim, mas vale lembrar que Porto Alegre foi governada por 12 anos pelos petistas e tem uma qualidade de vida muito boa.

Voltando a governadora, o que pude ver é que ela está governando um estado falido, cheio de problemas, que já está a 8 anos sendo gerido pela oposição ao PT e ainda assim ela tenta colocar a culpa de todo o fracasso nas costas do PT.

Uma diferença muito grande da postura do governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, quando entrevistado neste mesmo programa. Ele mostrou-se cheio de boas intenções e sem problemas de ter apoio de quem for para o bem do RJ, seja o PT, PSDB, PMDB, PFL ou qualquer outro. Já a governadora do RS tinha uma postura um tanto raivosa para com o governo federal. Acho que assim vai ser difícil que consiga tirar o RS do buraco.

Pelo visto a grande mídia local, a RBS, conseguiu o que queria e afastou o PT do poder gaúcho, só não consegui fazer com que o RS voltasse a crescer. É uma pena que a governadora esteja envenenada pela mídia local.

domingo, 25 de fevereiro de 2007

A Bahia é um inferno...

Durante anos a Bahia foi fonte de cultura, diversão, carnaval, moda, praia, turismo, preguiça, etc... Todos sabíamos que era um estado com muita pobreza e desigualdade, mas as notícias que chegavam de lá eram geralmente de coisas boas.

Agora que o governo mudou vai começar uma enxurrada de notícias negativas sobre a Bahia. O prefeito do Rio, César Mais, já começou em seu ex-blog a falar mal das micaretas, de que não existe mais boa música na Bahia. Até concordo que a arte naquele estado já não é das melhores, mas isso começou uns 12 ou 15 anos atrás. Francamente!!!

Vamos ver a partir de agora uma onda de notícias negativas da Bahia. Claro, pois a mídia daquele estado está nas mãos dos Carlistas e conservadores. Só espero que os leitores tenham o mínimo de discernimento para lembrar que a coisa na Bahia sempre foi feia.

Tucanos Xiitas

Quando os tucanos governavam o Brasil os petistas xiitas infernizavam a vida do FHC e do governo.

Agora vemos os "tucanos xiitas", que são muitos. Pois bem, eles encontram problemas ou vêem o lado negativo de qualquer coisa feita pelos governantes petistas, não aceitam nada e apenas criticam, e de uma forma maldosa.

Mas a grande surpresa é a imprensa. Ela nunca deu espaço para os petistas xiitas, porém o que os "tucanos xiitas" falam vira capa de jornal, de revista, reportagem especial de tele-jornais e aí por diante. Será que a imprensa brasileira é "tucana xiita" e ninguém sabia???

Imprensa baiana

Pelo visto durou apenas 45 dias a trégua da imprensa da Bahia, que está nas mãos dos conservadores, para com o novo governo daquele Estado.

É incrível que só agora teve arrastão no carnaval de Salvador. Até então as notícias eram só alegria e algum perrengue por causa da grande quantidade de foliões. Mas agora que mudou o governo de lá, a imprensa local começa a ver, ou mostrar, o lado feio da Bahia. O pior é que a imprensa nacional resolve retumbar essas notícias. Pronto, o Brasil descobre que existe violência e miséria no carnaval de Salvador.

Outro exemplo: Este ano, no reveillon carioca, teve a clássica queima de fogos e festa em Copacabana. Moro aqui e o calçadão de Copacabana estava, em boa parte, obstruído com os tapumes das obras dos novos quiosques. Ví uma reportagem no JN sobre os preparativos da festa e nenhuma imagem dos tapumes foi mostrada. O prefeito da cidade tem boas relações com a mídia, portanto mostra-se apenas o lado bom e o lado ruim não é noticiado.

É uma pena que a imprensa fique cada vez menos imparcial, ou será que ela está mostrando a sua cara?

Para quem quiser saber mais detalhes da realidade baiana, leia a postagem "Salvador em Guerra", no blog do Nassif.

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2007

Carnaval

Caros leitores, o ficarei fora durante o período carnavalesco, mas devo participar do bloco que abre oficialmente o carnaval carioca, o Bip Bip, que deve sair no sábado às 00:01.

Um ótimo carnaval a todos!!!

quinta-feira, 15 de fevereiro de 2007

Arteplex Unibanco

Esperando início do filme Babel, tem os clássicos anúncios na telona. Mas um chamou a atenção.
Era da revista Piauí, cujo um dos sócios é o ótimo cineasta João Moreira Salles. Numa propaganda simples, a revista agradece ao ministro da Defesa, Waldir Pires, pelo aumento da venda da revista, já que com a crise nos aeroportos, as pessoas sem alternativa "nem cafezinhos", acabaram comprando a revista para passar o tempo e com isso as vendas cresceram.

A propaganda é bem humorada e causou risos na platéia.

Ao sair do belo cinema, vi uma placa pequena, atrás da porta, dizendo que aquele empreendimento foi realizado com recursos da lei do audiovisual, do Ministério da Cultura. O empreendimento leva o nome do Unibanco, que, como todos os bancos, vem lucrando substancialmente nos últimos anos. Porém parece que tem vergonha de mostrar que o empreendimento foi feito com recursos públicos.

Para fazer chacota do governo o espaço é grande, para falar bem o espaço é mínimo. Os donos do poder sempre foram acostumados a pegar dinheiro público, não agradecer, e fazer dele o que bem entender. As vezes até alguma coisa bonita, como as que se vê nos países ricos. Pena que não usam esta verba, paga com nossos impostos para levar cultura a quem não tem. Fazer uma sala de cinema onde não há tanta beleza, porém muita gente, por exemplo.

O complexo é muito bonito e confortável, o preço dos ingressos é de R$ 14,00 nos dias úteis e de R$ 16,00 nos fins de semana, tem também a promoção das quartas-feiras, a R$ 10,00 e os clientes do banco pagam meia entrada. O cinema foi feito com recursos públicos, para todos poderem usufruir. Todos quem??

Não vale responder que tem uma sessão diária gratuita, que é o "Curta às Seis", patrocinado pela Petrobrás, com curtas também bancados pela estatal. Nenhum feito pelo Banco privado.

Babel

Recomendo este ótimo filme, muito bem construído e sem nenhum grande efeito especial. O diretor, Alejandro González Iñárritu, realizou um filme sensível, violento, bonito, forte e bem montado que mostra como um ato isolado está ligado com outras pessoas em diversos lugares. É o efeito borboleta.

Tudo o que fazemos vai repercutir em algum outro lugar e alguma outra pessoa será indiretamente afetada. Pensemos...

terça-feira, 13 de fevereiro de 2007

A feijoada do "Osbar"

Bom, voltando as boas coisas da vida, elas existem!!!

Sábado foi um dia bastante interessante. Começou pela manhã, com um bloco de carnaval da escola do meu filho. Um animado bloco, com carro de som, bateria formada pelos meninos do morro Dona Marta. Muito bem freqüentado, encontrei vários amigos com seus respectivos filhos, que moram pela adjacências. Um belo sambinha, além das marchinhas clássicas. Nada daqueles vendedores de bebida, que hoje competem em número com os folióes dos blocos cariocas. Tudo na mais santa paz e alegria. O dia estava lindo, e quente também.

Depois do bloco, parti para a Cinelândia, para o OsBar, tinha combinado com alguns amigos de provar a feijoada. Parece maluquice comer uma feijoada neste calor, mas para amenizar o clima, várias loiras bem geladas. Aliás, este é uma tema a parte, pois há tempo tenho problemas com cervejas, tomo umas duas ou três e depois passo mal. O Osmar, dono do boteco, me recomendou tomar a Itaipava, disse que é mais bem feita que as da AnBev. Dito e feito. Tomei várias e não tive o menor problema com ressacas.

Com os amigos foi um papo ótimo, falamos sobre fotografia e coisas mais amenas. Evitou-se tocar no assunto das postagens abaixo. Um casal que está morando em Santarém - PA, é sempre interessante conhecer e saber o que acontece por lugares distantes, disseram que o clima anda mudando por lá, muita plantação de soja e muito desmatamento. Também teve uma figura que estava por lá, um Norueguês, aposentado, que costuma vir ao Brasil passar uns dias, fica hospedado ali na Cinelândia mesmo e adora estes botecos, disse-me como se chamava o bacalhau em norueguês, afinal ele vem de lá, mas esqueci. Uma peça o gringo.

Bom, sobre a feijoada... O que falar... É deliciosa e muito leve. Fechamos o boteco no final do dia. Foi um ótimo programa!!!

Faça a sua parte

No final do ano passado eu estive no Sertão de Pernambuco fotografando, pela segunda vez, uma ação social e teve um fato que me chamou a atenção em relação ao ano anterior. Foi colocado um brinquedo, este da foto, no pátio de uma escola. As crianças estavam muito mais felizes que no ano anterior. Entendi que criança tem uma única obrigação, a de brincar e se divertir.

Nossos filhos tem acesso a muitas facilidades, coisas que antes não tínhamos, tudo é lúdico e fazemos o possível para dar muito amor a elas. As cobranças começam bem depois. até os 5, 6, 7 anos elas devem apenas se divertir.

Infelizmente muitas crianças não têm este tratamento, não têm possibilidade de brincar, crescem escutando berros, vivenciando violência dentro de casa, alguns sendo espancados por nada, outros que nem casa tem, não conhecem o pai e têm raros, raríssimos momentos de felicidade. E estas mesmas crianças também crescem, viram adolescentes, adultos. Não têm nenhum referencial do que é certo ou errado e encontram nas drogas um consolo ou fuga, depois começam a cometer pequenos delitos e a coisa só tende a piorar.

O fato que hoje está dominando nosso país, do menino João Hélio, tem mostrado que nossa sociedade está indignada com o que aconteceu. E é chocante, prefiro nem falar sobre o assunto, não quero saber dos detalhes, mas sinto que há uma vontade de vingança, de resolver um problema com uma solução simples, rápida. Diminuindo a idade penal, aumentando a pena, alguns até pensam na pena de morte. Acredito que a lei deve ser atualizada, revista e assim deve ser sempre, para isso temos juristas e autoridades. Se são eficientes ou não é outro problema, são os que temos.

Mas, alguém está preocupado em não criar monstrinhos no futuro?

Muitas crianças estão crescendo da mesma forma que estes delinqüentes cresceram. É triste, mas não se fala como começou tudo isso. O mais fácil é punir, enfia-los nas cadeias, que apodreçam e morram por lá. Mas um dia a coisa explode, nasce uma nova facção criminosa e acabam invadindo as ruas, promovendo uma barbárie. Então ficamos todos acuados, reféns, indignados, culpamos as autoridades e assim vamos "resolvendo" nossos problemas, passando a culpa para o outro.

Resolver este problema de uma hora para outra é uma grande ilusão, não há solução a curto ou médio prazo. Mas podemos fazer pequenas coisas. Por exemplo, explicar para nossos filhos que eles não precisam ter um armário cheio de brinquedos, que aqueles brinquedos que só estão fazendo volume no quarto podem fazer outras crianças felizes e assim, ensina-los a compartilhar. Façamos pequenos atos em favor dos outros. Coisas simples, ninguém tem obrigação de mudar o mundo, é cada um fazendo um pouquinho.

Gritar e ficar indignado com este absurdo não vai mudar nada, apenas os jornais vão aumentar as vendas. Eles adoram tragédias. Tragédia é o que mais vende, e quanto mais vender mais notícias e desdobramentos serão publicados, até surgir outro fato.

Se quiser fazer algo verdadeiro, faça o bem. Faça algo que você não faz todo dia, doe um brinquedo a quem não tem, sorria para uma criança de rua. Faça a sua parte e incentive, sem obrigar, o outro a fazer também. Não precisa gastar dinheiro, tão pouco espere ser reconhecido por isso, mas faça a sua parte.